Relator diz que vetos não comprometem regulamentação de gastos com saúde

17/01/2012 12:41

Relator diz que vetos não comprometem regulamentação de gastos com saúde

Texto que regulamenta a Emenda 29 foi aprovado pelo Congresso no ano passado e recebeu nesta semana 15 vetos da Presidência da República.

O relator na Câmara da proposta que regulamentou a Emenda 29 (gastos públicos com saúde), deputado Pepe Vargas (PT-RS), afirmou que os 15 vetos da Presidência da República à nova lei sobre o setor não prejudicam os pontos essenciais do texto. Pepe Vargas reconheceu, no entanto, que alguns vetos vão diminuir parte dos recursos previstos para a saúde.

Leonardo Prado
Pepe Vargas
Pepe Vargas: vetos vão diminuir parte dos recursos, mas não prejudicam o essencial da proposta.

A presidente retirou, por exemplo, o dispositivo que obrigava o aumento dos gastos da União em saúde se houvesse reestimativa do valor do Produto Interno Bruto (PIB). “Com o veto, esse reajuste do PIB não será incorporado ao orçamento da saúde e isso pode implicar pequena perda de recursos”, disse o relator.

Os ministérios da Fazenda e do Planejamento foram contrários a esse dispositivo, com o argumento de que o PIB apurado a cada ano passa por revisões periódicas, e a necessidade de constante alteração nos valores a serem destinados à saúde pela União poderia gerar instabilidade na gestão fiscal e orçamentária.

A nova lei (Lei Complementar 141/12), sancionada nesta segunda-feira (16), determina que o governo federal aplique em saúde, no mínimo, o valor utilizado no ano anterior, acrescido da variação nominal do PIB no período. Já os estados devem investir 12% da arrecadação; e os municípios, 15%.

A lei também define os gastos que serão considerados para esse cálculo e impede que sejam contabilizados no percentual os pagamentos de aposentadorias e pensões, de salários de funcionários que não atuem em saúde, de gastos em obras de engenharia, entre outros.

Pepe Vargas disse que essa definição vai impedir manobras para inflar o orçamento da saúde com outras despesas e vai garantir a aplicação certa dos recursos. Ele ressaltou que a nova lei também trata da fiscalização e do controle dos recursos.

“O governador ou prefeito que brincar com os recursos da saúde pode ir para a cadeia”, disse o presidente da Frente Parlamentar da Saúde, deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS).

Percentual mínimo
O governo vetou pontos do projeto que não contabilizavam como gastos em saúde o pagamento de amortização e encargos de empréstimos da União para o setor ou os recursos de taxas, multas ou tarifas arrecadadas por entidades da saúde. Assim, esses recursos passam a compor os percentuais mínimos, o que também pode reduzir os valores previstos pelo projeto aprovado.

Beto Oliveira
Darcísio Perondi
Perondi: frente parlamentar vai pressionar a União a aumentar gastos com a saúde.

“Esse artigo foi vetado, o que também significa um pouco menos de recursos. Mas, fora isso, eu diria que o essencial está previsto", disse Pepe Vargas.

Imposto derrotado
O deputado Darcísio Perondi afirmou que parte dos vetos foi superficial e teve o objetivo de eliminar qualquer referência à Contribuição Social da Saúde (CSS), imposto previsto inicialmente pela proposta, mas derrotado durante a votação no Congresso.

Cinco pontos vetados pela presidente faziam referência a esse imposto, que seria criado nos moldes da extinta CPMF. “Os vetos não alteraram o texto aprovado no Senado. Eliminar a CSS é adequado do ponto de vista legislativo”, disse Perondi.

Financiamento da saúde
Pepe Vargas e Darcísio Perondi avaliaram que a nova lei não vai encerrar a discussão sobre o financiamento da saúde. Os deputados lembraram que será preciso arcar, por exemplo, com os avanços tecnológicos do setor e com gastos relacionados às mudanças na expectativa de vida e nos hábitos do brasileiro.

A Frente Parlamentar da Saúde, coordenada por Perondi, vai se reunir em março para pressionar pelo aumento da fatia gasta pela União na saúde. “O movimento da saúde não aceita o governo federal não investir mais no setor”, disse.

Pepe Vargas, que havia proposto a criação da CSS em seu relatório na Câmara, defendeu um financiamento adicional. “É prematuro falar em novo imposto, mas o problema do financiamento terá de ser enfrentado. O Congresso optou por não criar a CSS e precisa agora encontrar uma nova fonte de financiamento adicional para a saúde.”

O texto base do relatório de Vargas foi aprovado pela Câmara em junho de 2008, mas gerou impasse por prever a criação da CSS. A proposta (PLP 306/08) só voltou à pauta em setembro do ano passado, quando foi derrubado o novo imposto. Em dezembro, o texto foi aprovado pelo Senado e enviado à sanção.

 

Reportagem – Carol Siqueira
Edição – Pierre Triboli

Foto/Fonte: Agência Câmara de Notícias

 

Notícias

Compreensão do processo

  Relações de trabalho exigem cuidado com contrato Por Rafael Cenamo Juqueira     O mercado de trabalho passou por determinadas alterações conceituais nos últimos anos, as quais exigiram do trabalhador uma grande mudança de pensamento e comportamento, notadamente quanto ao modo de...

Portal da Transparência

CNJ lança Portal da Transparência do Judiciário na internet Quinta, 20 de Janeiro de 2011     Informações sobre receitas e despesas do Poder Judiciário federal estão disponíveis no Portal da Transparência da Justiça (https://www.portaltransparencia.jus.br/despesas/), criado pelo Conselho...

Dentista reclama direito a aposentadoria especial

Quarta-feira, 19 de janeiro de 2011 Cirurgião dentista que atua no serviço público de MG reclama direito a aposentadoria especial Chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF) Reclamação (Rcl 11156) proposta pelo cirurgião dentista Evandro Brasil que solicita o direito de obter sua aposentadoria...

OAB ingressará com Adins no STF contra ex-governadores

OAB irá ao Supremo propor cassação de pensões para os ex-governadores Brasília, 17/01/2011 - O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, Ophir Cavalcante, afirmou hoje (17) que a OAB ingressará com ações diretas de inconstitucionalidade (Adins) no Supremo Tribunal Federal contra todos...

Desmuniciamento de arma não conduz à atipicidade da conduta

Extraído de Direito Vivo Porte de arma de fogo é crime de perigo abstrato 14/1/2011 16:46   O desmuniciamento da arma não conduz à atipicidade da conduta, bastando, para a caracterização do delito, o porte de arma de fogo sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar....

Prática de racismo no ambiente de trabalho

Extraído de JusBrasil Apelidos racistas no ambiente de trabalho geram danos morais Extraído de: Direito Vivo - 38 minutos atrás   Na Justiça do Trabalho de Minas ainda é grande a incidência de processos que denunciam a prática de racismo no ambiente de trabalho. Mas a sociedade moderna e as...